sexta-feira, junho 9

Este Homem merece uma estátua!...


Foto retirada de De socas nos Pés

“Bye-bye” é o nome por que é conhecido João Manuel Serra, o velho que todas as noites alegra a Praça do Saldanha. Nascido a 24 de Outubro de 1930, em Lisboa, João, como gosta de ser chamado, há cinco anos que resume a sua vida a um só objectivo: saudar com um “adeus” ou até com um beijinho aqueles que circulam na Av. Fontes Pereira de Mello, da meia-noite até às 3 da manhã. “Sinto-me sozinho e é por isso que procuro esta forma de comunicação”.

João vive sozinho em Sete Rios desde a morte da mãe. “Os meus pais morreram há imenso tempo, desde aí sinto-me muito desapoiado”, explica. Considera-se “uma pessoa banalíssima”, embora passe os dias a chamar a atenção de quem passa. Nascido em berço de ouro e criado numa redoma de vidro, “Bye Bye” nunca teve necessidade de trabalhar, vivendo apenas da herança da família. “O meu avô era muito rico, o meu pai era rico mas eu não sou rico, vivo do que me deixaram”, acrescenta com alguma vergonha.

Quando não está de serviço, este amante da arte divide o seu tempo entre uma ida ao cinema ou ao teatro ou visitas aos amigos, utilizando sempre os transportes públicos da cidade. “Não tenho carta, mas adoro andar de automóvel”, alude João. Agora sem a companhia da sua mãe, com quem conheceu toda a Europa, menos a Grécia, rendeu-se a uma vida mais pacata.

João não gosta de cozinhar, odeia cumprir horários, detesta ler e ver televisão e a mudança para o horário de Inverno irrita-o imenso. “Sou muito preguiçoso”, admite este jovem de 74 anos com um sorriso. Habituado a viver rodeado de luxo, “numa casa com 50 assoalhadas no Restelo”, este “bon vivant” foi sempre um menino mimado.

“No primeiro dia de aulas berrei tanto que a minha mãe teve de me ir buscar à escola”, refere com uma gargalhada. Fez a instrução primária em casa, frequentou os melhores colégios e chegou a ingressar no curso de Direito, por vontade do pai.

Cabelo grisalho, óculos de massa pretos, gabardina de cor clara e um saco de compras na mão é a sua imagem de marca. Bombons Godiva e queijo suíço são alguns dos prazeres que não dispensa e por isso todas as noites, antes de ir para o Saldanha, onde se mantém até de madrugada, abastece-se destes pequenos prazeres no supermercado mais próximo.

Foi junto a um semáforo que “Bye Bye” diz ter encontrado a sua vocação: fazer nascer um sorriso e um pouco de felicidade naqueles com quem se cruza todas as noites no mesmo local. Dali, João apanha um táxi para casa, porque tem medo de ser assaltado na sua zona residencial. “Todos os meses gasto 150 euros de táxi, mas é uma questão de segurança”, afirma enquanto ajeita a gola do casaco que o agasalha do frio.

Depois de uma vida agitada mas banal, este homem realiza agora o seu grande sonho: ser actor num dos maiores palcos da cidade de Lisboa, a praça do Saldanha, onde diariamente passam centenas de pessoas que já conhecem de cor o seu papel.

João lamenta hoje não ter nenhum descendente para poder contar a sua história bizarra às gerações vindouras. Foram precisos 70 anos para este amante do ócio transformar a sua vida naquilo que agora acredita ser “um verdadeiro milagre.

Texto de Ana Assunção, Carolina Almeida e Laura Perdigão

13 comentários:

Lídia Amorim disse...

o homem ja parece uma estátua!!! eheh mas parece uma boa pessoa*jokas bom fim de semana

Naked Lunch disse...

boa pá...

particula disse...

estou arrepiada!

laura disse...

quando vi este senhor a primeira vez e procurei saber algo mais sobre ele vieram-me parar às mãos imensas histórias, que tentavam explicar a razão dele estar ali a dizer adeus... que era um actor a quem a solidão atormentava, que tinha ficado sem a noiva em tempos, que era louco, enfim, uma série de coisas... mais tarde, através de uma reportagem que li numa revista, percebi que o senhor sempre foi um "bon vivant", que nunca trabalhou, que nunca teve dificuldades... não sei porquê, desde essa altura, o senhor perdeu algum do encanto e da magia que tinha. deixei de sentir qualquer tipo de solidariedade por ele. nem todos nascem em berço de ouro. e há outras personagens a quem passei a conferir a minha simpatia. mas não deixei de lhe dizer adeus... :) há uma música de "Donna maria" cujo nome é "o homem que diz adeus". bem bonira, por sinal.

Jazz Manel disse...

broa: Independentemente da história de vida dele, acho piada o facto de ele estar ali e interagir com quem passa, provocando certamente um sorriso e muitas vezes um aceno ou uma buzinadela (eu sou um deles)naqueles que se cruzam com ele, contra o "cinzentismo" é bom haver pessoas invulgares com atitudes invulgares e que nos põem bem dispostos...e já agora como dizia O Agostinho da Silva "só trabalha quem não sabe fazer mais nada".

as velas ardem ate ao fim disse...

Vou te contar um segredo, este senhor emociona me, faz me chorar...

teresa.com disse...

nunca se imagina o que está por trás...

Hindy disse...

Um sorriso ou um simples adeus não contam a história que está por detrás... gostei de saber! :-)
Bjs

Unknown disse...

Esta celebridade já fez parte da minha rotina diária, LOL. Cumprimentava-o todos os dias com um aceno :)

Lídia Amorim disse...

Como adivinhas-te?? sim, sou benfiquista mas não sou anti-sportinguista, nem anti-porto, tenho fair play* como a maioria dos benfiquistas ao contrário da maioria dos portistas...enfim...jokas boa semana*

Anónimo disse...

as pessoas que dizem que merecem que passam aos actos!;)
falar é bonito, fazer é que é...!

Jazz Manel disse...

Fontez: ok, vou falar com o Tio Carmona!...

M.M. disse...

Há personagens muito interessantes por este mundo, que se dedicam a fazer algo que aparentemente não é normal.